quarta-feira, 12 de novembro de 2008

VIVA AS ALGEMAS!


Algemas: para qualquer um sim!
12/11/2008 09:36

. O ex-presidente de Taiwan Chen Shui-bian foi preso por corrupção e devidamente algemado.
. Usou até as algemas para fazer um gesto de protesto.
. No mundo civilizado os presos são algemados.
. No Brasil, graças ao Supremo e ao Ministro Marco Aurélio de Mello prevaleceu a Jurisprudência Toron: algema é para “preto, pobre e p...”

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terça-feira, 4 de novembro de 2008

Militante do MOVIMENTO DE LIBERTAÇÃO POPULAR (MOLIPO)

Frederico Eduardo Mayr


Nasceu em Timbó, Santa Catarina, em 29 de outubro de 1948, filho de Carlos Henrique Mayr e Gertrud Mayr.

Foi baleado e preso pelos agentes do DOI/CODI-SP no dia 23 de fevereiro de 1972, na avenida Paulista, em São Paulo.Levado às câmaras de tortura do DOI/CODI, apesar de ferido com um tiro no abdômen.

Frederico foi visto pelos outros presos recolhidos àquele órgão de repressão política, sendo torturado na chamada “cadeira de dragão”.Vários companheiros, estiveram com ele antes de ser morto pelos torturadores.

Entre os quais, José Carlos Gianini, que afirma não haver possibilidades de Frederico ter travado tiroteio com os policiais, nem mesmo se tivesse conseguido fugir, pois estava muito debilitado devido ao ferimento a bala e às torturas.

Segundo os depoimentos desses presos, foi torturado até a morte pelos integrantes da Equipe “C” do DOI/CODI paulista, investigador de Polícia Federal “Oberdan”, investigador de polícia do DEOPS lotado no DOI/CODI Aderval Monteiro, vulgo “Carioca”, escrivão de polícia Gaeta, vulgo “Mangabeira” e um policial conhecido como “Caio”, da Polícia Civil de São Paulo, todos comandados pessoalmente pelo hoje general da reserva Carlos Alberto Brilhante Ustra, chefe do DOI-CODI e pelo vice-chefe, Tenente-Coronel Dalmo Lúcio Muniz Cirillo.No processo n° 100/72 da 2ª Auditoria Militar de São Paulo, vários presos políticos denunciaram a prisão e morte de Frederico, pois o estavam processando como revel, quando o Juiz Nelson Machado Guimarães fez excluir seu nome, extinguindo sua punibilidade por morte, só reconhecida naquele momento. As várias denúncias feitas nunca foram registradas devido à negativa do referido juiz.

Enterrado sob nome falso no Cemitério Dom Bosco, em Perús/SP, seus restos mortais estavam na Vala de Perus. A ossada de n° 246 era de Frederico, sendo identificada, em 1992, no Departamento de Medicina Legal da UNICAMP. Seus restos mortais foram trasladados para o jazigo da família, no Rio de Janeiro, em 13 de julho de 1992.Todos documentos policiais têm seu nome verdadeiro e na ficha individual (documento do DOPS/SP 30Z-165-124), além do nome verdadeiro, dados de qualificação, ficha datiloscópica e fotos de frente e de perfil, há também os nomes falsos. Portanto, Frederico foi identificado pelos órgãos da repressão.
No DOPS/SP foi encontrada ficha individual , feita no dia 24 de fevereiro de 1972, pelo Serviço de Identificação do Exército com fotos de Frederico ainda vivo, catalogada no DOI sob o n° 1112 e que dá como local da prisão a avenida Paulista e data de 23 de fevereiro de 1972. No entanto, sua certidão de óbito foi lavrada em nome de Eugênio Magalhães Sardinha e enterrado como indigente no Cemitério de Perús/SP.Assinaram o laudo da necrópsia os médicos legistas Isaac Abramovitch e Walter Sayeg.Um documento encontrado no arquivo do antigo Dops/SP, conta a mesma história afirmada pelo IML.

O que impressiona na versão oficial são os detalhes do inacreditável tiroteio, onde ele teria morrido. Diz o documento, que os guerrilheiros, a bordo de um fusca “começaram a atirar contra os policiais sem serem provocados”. No combate que aconteceu, só Frederico caiu morto e os demais ocupantes do veículo não foram mais citados, nem como presos, nem como foragidos.

Dona Gertrud, sua mãe, dá o seguinte depoimento:“O segundo de meus três filhos, Frederico foi educado com muito amor dentro dos mesmos princípios que eu recebi de meus pais. Em meio aos valores encontrados em Timbó, área de colonização européia, lugar onde eu nasci e fui criada, Frederico cedo aprendeu que todos os homens são iguais e têm o seu valor próprio independente de seu trabalho. Ainda criança, veio para o Rio de Janeiro. Viemos todos. Seu pai, Carlos Henrique Mayr é médico e estabelecido com sucesso na Zona Sul do Rio de Janeiro.

Convivendo no meio agitado do Rio, Frederico manteve o ensinamento de como a liberdade de um limita a liberdade do próximo, esforço que fiz para prepará-lo a viver harmoniosamente na coletividade. Sempre atento às necessidades dos outros e generoso, demonstrava grande sensibilidade, qualidades próprias que, combinadas com a formação que Ihe dei, o levaram a se preocupar com o próximo. Cursou o primário na escola municipal Dr. Cócio Barcellos, uma escola da rede pública em Copacabana, próxima de nossa casa, ensino igual para todos, princípio que achávamos importante em sua educação. Fez seu curso ginasial e científico no Colégio Mallet Soares, também em Copacabana. Ingressou na Faculdade aos dezoito anos de idade.

Foi um escoteiro exemplar, dos sete aos dezesseis, na Tropa Baden Powell. Gostava muito da vida em contato com a natureza, dos acampamentos. Praticou a pesca submarina na adolescência. Era namorador e queria ser arquiteto.Cursava o segundo ano da Faculdade de Arquitetura da UFRJ e se dedicava às artes plásticas, quando foi forçado, pelas circunstâncias, a sair de casa para viver na clandestinidade. Tinha um futuro promissor pela frente, tanto na arquitetura como nas artes. Seu desempenho foi elogiado tanto por seus professores na faculdade, e entre eles Ubi Bava, como por artistas plásticos com quem se relacionava, Ilio Burrini e Ivan Serpa, os mais próximos. Serpa foi o primeiro que lhe ensinou os segredos das tintas e dos pincéis e como dividir o espaço nas telas. Participou coletivamente de sua primeira exposição apresentando dois trabalhos aos quinze anos.

Frederico não foi o filho que eu perdi, mas o meu filho que todos nós perdemos. Quando existe um nascimento, sabemos que vai existir a morte. Mas o que aconteceu comigo, com a minha família e outras em situação semelhante, não segue a lei natural.O que se passou conosco foi uma afronta à dignidade humana. Frederico Eduardo, julgado e absolvido, no Conselho Permanente de Justiça, em 21 de setembro de 1972, inocência confirmada no STM em 15 de fevereiro de 1974, já não era vivo. Baleado, preso e torturado por agentes do DOI/CODI de São Paulo, Frederico Eduardo havia morrido em 22 de fevereiro de 1972, fato que só vim a saber muitos anos depois.

Em outro depoimento sua mãe conta:“Em 1969, em um dos primeiros processos nas Auditorias Militares do Rio de Janeiro, meu filho viu-se envolvido em uma ação penal que tinha como co-réus os cidadãos Jorge Raymundo Jr., Carlos Fayal, Carlos Alberto Nolasco e outros, sendo Frederico condenado à revelia à pena de três anos. Essa condenação motivou protesto de Jorge Raymundo em plena sessão de julgamento, quando, aos gritos, disse que Frederico era inocente.A partir dessa condenação, meu filho entrou para a clandestinidade. A família recebeu um bilhete dele pedindo para trancar matrícula na Faculdade. Não recebemos mais informações dele.No final de 1972, em uma outra ação penal na Justiça Militar do Rio de Janeiro, foi juntado por um advogado um recorte de jornal que noticiava a morte de Flávio Carvalho Molina. Embora essa notícia não mencionasse Frederico, a família pediu ao advogado Mário Mendonça que fosse a São Paulo para obter informações.

O advogado voltou dizendo que nada constava em São Paulo segundo as informações que recebera das autoridades sobre uma eventual prisão ou morte de Frederico. Foi neste momento que Nelson Lott me perguntou se Frederico ainda estava vivo. A partir desse instante tomei consciência de que meu filho pudesse ter sido preso e eventualmente morto.Foi somente em 1979, quando da promulgação da Lei de Anistia, que vimos o nome de meu filho ser publicado em listas dos Comitês Brasileiros pela Anistia, ora como morto, ora como desaparecido.

Membros do CBA/SP procuraram familiares meus no Rio de Janeiro com cópias de documentos do processo, onde as autoridades judiciárias extinguiam sua punibilidade por ter sido morto por órgãos de segurança e enterrado no Cemitério de Perus sob o falso nome de Eugênio Magalhães Sardinha. Na justiça foi feita retificação do assentamento de óbito, substituindo os dados falsos pelos verdadeiros. Após ter sido encontrado enterrado em Perus, sob o nome falso de Nelson Bueno, o perseguido político Luis Eurico Tejera Lisboa (o primeiro desaparecido político encontrado), em 1979, fui ao Cemitério de Perus para buscar informarções sobre meu filho e naquele registro não constava o nome de Frederico nem se encontrou anotações com o sobrenome Sardinha.

Apesar da informação da morte constar em processo na Justiça Militar, meu filho continuou a responder a outras ações penais em outras auditorias militares.”

FIQUE SABENDO

Um dia na vida da Folha de S. Paulo
Escrito por Bernardo Kucinski - Agência Carta Maior



De como um dos maiores diários do país vem se especializando em inverter o sentido dos fatos. O jornal torce os fatos porque está torcendo pelos mesmos, em vez de tentar retratá-los com a maior precisão e contextualização possível.

O dia é quinta, 30 de Outubro de 2008. Mas podia ser qualquer outro. Nessa quinta, o desprezo da Folha pelos seus leitores superou-se com a reportagem “Luz para Todos não cumpre a meta de dois milhões". Minha mulher, que já vinha se aborrecendo com a Folha, fechou as páginas, irritada: “Esse jornal pensa que somos idiotas”. Começa pela foto que encima a história, uma cena de escuridão no Congresso Nacional, que não tem nada nadinha a ver com o programa Luz para Todos. Depois vem o título, enorme, em quatro colunas, numa página nobre do jornal, chamando de fracassado um programa que os números da reportagem revelam estar sendo um dos maiores sucessos do governo Lula.

O Luz para Todos atingiu até a semana anterior à publicação da matéria, nada menos que 1, 744 milhão de famílias. São famílias, por definição, localizadas em regiões remotas, pequenos vilarejos que as concessionárias não serviam por não ser econômico. Mesmo se ficasse só nisso, já seria um feito excepcional. Não só pelo número absoluto de famílias e comunidades beneficiadas, mas também pelo fato de quase 90% da meta ter sido alcançada - meta essa que já era bastante ambiciosa. Foi tão forte o desejo de narrar um fracasso que o repórter excluiu do seu argumento sobre o não cumprimento da meta deste ano o fato relevante de que o ano ainda não terminou. Só lá em baixo, no pé da reportagem, separadas propositalmente do argumento principal da narrativa, está a informação de que já há mais R$ 13 bilhões em contratos fechados, sendo R$ 9,4 bilhões do governo federal, R$ 1,6 bilhão dos governos estaduais e R$ 1,9 bilhão das concessionárias.

O sucesso é tanto que o Ministério de Minas e Energia já pensa em ampliar a meta em mais 1,1 milhão de famílias entre 2009 e 2010. (1)Na mesma edição, a Folha relata outro retumbante “fracasso” do governo Lula. “Gastos do governo com o PAC caem 70%”. O título é de quatro colunas ocupando também o topo de página. Um gráfico de pagamentos do PAC revela investimentos crescentes ao longo do ano, exceto pequena redução em junho, e as quedas que deveriam justificar o título, em setembro e outubro. De pronto está a desonestidade do título. Gastos só caíram nos últimos dois meses. E mais: caíram de forma brusca.




A explicação está lá, escondida, no meio da própria reportagem: as chuvas de setembro e a greve dos servidores do Departamento Nacional de Infra-estrutura (DNIT) que “bloqueou pagamentos e todas as demais fases da gastos durante três semanas...” (2). Um título mais preciso seria na linha de ”greve paralisa obras do PAC”. Mas esse título não serviria ao propósito aparente de retratar um governo inoperante e incompetente. Manipulação de números repetiu-se no título de página inteira ”Diminuem as vendas em supermercados”. O segundo parágrafo, aliás atropelado, diz que “a queda nas vendas em setembro, além de ser sazonal, ocorreu porque, em agosto, houve queda nos preços de alguns alimentos, o que resultou em alta no consumo daquele mês...”






O pessoal da tortura perdeu o sono


Oficiais do Exército, investigadores e delegados envolvidos com a repressão política na ditadura militar não dormem desde que o Ministério Público Federal de São Paulo decidiu entrar com ações na Justiça para responsabilizar torturadores e autoridades da época por crimes cometidos no DOI-Codi paulista.

O MPF pretende puni-los por prisões ilegais, torturas, homicídios e desaparecimentos forçados. Para a Procuradoria da República em São Paulo, agentes públicos, “notadamente da União Federal”, praticaram abusos e atos criminosos contra opositores ao regime, “em violação ao princípio da segurança pessoal”.

Na visão dos procuradores, a Lei de Anistia não encerrou esse episódio e o Brasil pode – e deve – punir os repressores, à semelhança do que aconteceu na Argentina, no Chile e no Uruguai.

Mortos e Desaparecidos > Hiroaki Torigoi

Hiroaki Torigoi

Dirigente do MOVIMENTO DE LIBERTAÇÃO POPULAR (MOLIPO).Nascido em Lins, Estado de São Paulo, em 02 de dezembro de 1944, filho de Hiroshi Torigoe e Tomiko Torigoe.

Foi morto, aos 28 anos de idade, em São Paulo.Fazia o 4° ano da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.Baleado e preso pelo DOI/CODI-SP, em 5 de janeiro de 1972, Torigoi foi imediatamente levado para as câmaras de tortura desse departamento.Sua prisão se deu na Rua Albuquerque Lins, Bairro de Santa Cecília, por uma equipe chefiada pelo delegado Otávio Gonçalves Moreira Jr., vulgo “Otavinho”.

Seus torturadores e assassinos foram: capitão do exército Orestes, vulgo “Ronaldo”; “capitão Amici”, Aparecido Laerte Calandra, o “capitão Ubirajara”, investigador Pedro Maria Grancieri, soldado da Aeronáutica Roberto, vulgo “Padre”, policial conhecido como “Castilho”, todos chefiados pelo então major Carlos Alberto Brilhante Ustra e pelo capitão Dalmo Lúcio Muniz Cirillo.Devido a seus ferimentos, e pela impossibilidade de pendurá-lo no pau-de-arara, Torigoi foi torturado em uma cama de campanha, onde foi amarrado para espancamentos, choques elétricos e outras violências.

Vários presos políticos que se encontravam no DOI-CODI/SP nesse dia viram Torigoi ser arrastado pelo pátio interno, sangrando abundantemente, em direção às câmaras de tortura.A já tradicional nota oficial à imprensa, anunciava sua morte como sendo mais um “terrorista” que morria ao ser levado ao hospital, ferido em conseqüência de tiroteio.Um fato importante é que vários presos ouviram uma acirrada discussão entre os torturadores quanto ao destino a ser dado a Torigoi, quando este ainda se encontrava vivo.

Assassiná-lo de imediato em torturas, foi o que defendeu o capitão Orestes, apoiado pelo capitão Amici; prestar-lhe alguma assistência médica, reanimando-o a fim de continuar com as torturas, era o que queria o delegado Otávio Gonçalves Moreira Jr.A posição vencedora foi a dos capitães Orestes e Amici, que lograram seu intento, assassinando Torigoi em apenas algumas horas.O laudo de necrópsia foi assinado pelos médicos legistas Isaac Abramovitch e Abeylard Queiroz Orsini, corroborando a versão oficial.

O simples exame das fotos do corpo evidenciam as torturas - estando um dos braços visivelmente quebrado.Foi enterrado como indigente com o nome falso de Massahiro Nakamura em 07 de janeiro de 1972, na rua 15, sepultura 65, em Perus. Seu irmão, que foi fazer o reconhecimento fotográfico no DOPS no dia 20 de janeiro de 1972, contou 8 tiros, sendo 3 na face e 5 no tórax. Foi exumado em 1976 e seu paradeiro não foi informado aos familiares, dizendo não saberem do destino dado à sua ossada.Em 1990, pelo exame dos livros do Cemitério Dom Bosco, constatou-se que os restos mortais foram reinumados no mesmo local.

O corpo exumado dessa sepultura não possui o crânio, aguardando a identificação através do exame de DNA, na UNICAMP.

O Relatório do Ministério da Marinha, diz que “faleceu no dia 05 de janeiro de 1972, no pronto socorro para onde foi conduzido, após ser ferido em tiroteio com agentes de segurança, ao reagir à bala à voz de prisão. Usava o nome falso de Nakamura, o que dificultou sua verdadeira identificação.”REGIME MILITARFolha de São Paulo, 25 de maio de 2003Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos vai pedir ajuda da Promotoria para retomar exumaçõesFamílias planejam novas buscas em Perus MÁRIO MAGALHÃESDA SUCURSAL DO RIO Uma das feridas mais profundas que o regime militar (1964-85) deixou sem cicatrização, o sumiço dos corpos de pelo menos 152 oposicionistas, vai ganhar novo capítulo.

A Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos pedirá ajuda ao Ministério Público para retomar as exumações no cemitério Dom Bosco, em Perus (zona norte paulistana).A decisão foi tomada depois que uma equipe de médicos-legistas da USP (Universidade de São Paulo) concluiu que três ossadas, das quais uma se presumia ser do guerrilheiro Hiroaki Torigoe (1944-72), têm dados discordantes com o corpo do militante.Ou seja: são incompatíveis com as características antropométricas de Torigoe e, portanto, não devem ser dele. Integrante do Molipo (Movimento de Libertação Popular), Torigoe morreu sob tortura no dia 5 de janeiro de 1972, no DOI-Codi paulista, o mais violento centro repressivo mantido pelos militares. No Molipo militava o hoje ministro José Dirceu (Casa Civil).Numerosos presos testemunham que um dos nove torturadores que assassinaram Torigoe foi o delegado Aparecido Laerte Calandra, que atuava nos porões com o codinome de Capitão Ubirajara. Hoje Calandra, que nega ter sido Ubirajara, é o principal assessor do chefe do Departamento de Inteligência da Polícia Civil paulista. Procurado, disse não poder dar entrevista.A versão oficial foi de que Torigoe morreu em tiroteio.

Seu corpo foi comprovadamente enterrado em Perus com a identificação falsa de Massahiro Nakamura. Seus supostos restos foram descobertos em 1992.Uma equipe da Unicamp (Universidade de Campinas) exumou as três ossadas que os registros do cemitério indicavam ser, uma delas, de Torigoe.Duas integrantes da comissão de parentes, Suzana Lisboa e Maria Amélia de Almeida Teles, dizem que o legista da Unicamp Fortunato Badan Palhares relatou reiteradas vezes que o esqueleto seria de um homem de origem oriental, como Torigoe.Suzana Lisboa representa as famílias na comissão do Ministério da Justiça criada por lei de 1995 que julga a responsabilidade do Estado e o pagamento de eventuais indenizações pecuniárias por mortes e desaparecimentos ocorridos na ditadura.Por unanimidade, a comissão considerou a União responsável pela morte de Torigoe.

Por intermédio de advogado, Palhares assegura que sustentou o contrário: que as três ossadas não tinham características morfológicas de Torigoe. Não poderiam ser dele.Colega de Palhares, o legista José Eduardo Bueno Zappa diz, pelo mesmo advogado, que nunca afirmou que os restos talvez fossem do guerrilheiro.

O pedido de novas buscas será feito ao Ministério Público Federal, que precisaria requisitar à Justiça autorização para exumações.O advogado Luís Francisco Carvalho Filho, presidente da comissão do Ministério da Justiça, afirmou que apóia a iniciativa das famílias. "Há uma série de problemas de localização no cemitério.

Todos os esforços para uma identificação mais precisa serão bem-vindos. Cabe à comissão apoiar as medidas importantes para a identificação de pessoas."Maria Amélia Teles diz que é necessário "um investimento mais contundente do Estado". "Se dependesse só dos familiares, já teríamos encontrado todos que temos procurado."

Espionagem militar teve acesso à Receita até 98



http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/arch2006-01-08_2006-01-14.html#2006_01-10_00_17_48-10045644-27

Documento secreto do Exército revela que, no auge da ditadura, espiões militares tinham livre acesso às informações armazenadas nos arquivos da Receita Federal. Desrespeitando o sigilo imposto pela lei, o fisco repassava aos agentes das Forças Armadas dados fiscais de personagens que o regime considerava “subversivos”.
O acesso dos órgãos de informação do governo aos arquivos da Receita se prolongou até o ano de 1998, quando, já redemocratizado, o país era presidido por Fernando Henrique Cardoso. Só foi interrompido depois que Everardo Maciel, então secretário da Receita, descobriu, por acaso, que informações sigilosas do fisco continuavam vazando para a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) por meio do Serpro, a empresa pública de processamento de dados vinculada ao Ministério da Fazenda.
O blog obteve um relatório redigido por agentes do serviço secreto do Exército em 18 de julho de 1978. Refere-se a uma operação que recebeu o nome de “Concha”, em alusão a uma das cuias do edifício do Congresso -aquela que, virada para cima, abriga o plenário da Câmara dos Deputados.

Cabeçalho do relatório do Exército
O Exército investigava funcionários da Câmara e pessoas que com eles se relacionavam. Agentes do DOI-CODI, lotados no Comando Militar do Planalto e chefiados por dois agentes identificados pelos codinomes de “Capilé” e "Müller", foram à Secretaria da Receita Federal do Distrito Federal. Recolheram informações “sobre um grupo de elementos”. Pessoas que “anos atrás pertenceram ao Partido Comunista Brasileiro”, anota documento.
No último parágrafo do relatório de duas páginas, os agentes escreveram uma “observação”: “A Secretaria da Receita Federal, precisamente o arquivo, é uma seção que fornece informações a vários órgãos do Sistema Nacional de Informações desta Capital. Além de alguns dados de qualificação, fornece ainda dados como bens, aqui e fora do DF, profissão, local de trabalho e outras atividades que por ventura o indivíduo possa exercer.”

Agentes exaltam utilizada da Receita
No início de 1998, Everardo Maciel descobriu que a Abin, órgão vinculado à Presidência da República, subordinado à época ao general Alberto Cardoso (Gabinete Militar), tinha acesso a dados fiscais de contribuintes armazenados nos computadores do Serpro. Algo que é ilegal. Em seu artigo 198, o Código Tributário Nacional diz o seguinte:
“Sem prejuízo do disposto na legislação criminal, é vedada a divulgação” de qualquer informação “(...) sobre a situação econômica ou financeira dos sujeitos passivos ou de terceiros e sobre a natureza e o estado dos seus negócios ou atividades.”


Ao interromper o acesso da Abin aos arquivos da Receita, Everardo recebeu telefonema de um funcionário do Palácio do Planalto. Pediu-lhe que reabrisse os arquivos. “Acabou”, respondeu o então secretário da Receita. Em abril de 1998, o fisco assinou um convênio com a Abin.
Desde então, a agência passou a dispor apenas de dados públicos dos contribuintes, tais como nome e número de CPF. Segundo Everardo, informações que envolvam sigilo fiscal não foram mais entregues aos órgãos de informação.

Escrito por Josias de Souza às 01h17
http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/arch2006-01-08_2006-01-14.html#2006_01-10_00_17_48-10045644-27

Você sabe quem foi Manoel Fiel Filho?

O operário Fiel Filho foi preso em 16 de janeiro de 1976 por dois homens que se diziam agentes do DOI-Codi, sob acusação de pertencer ao PCB...

O motivo alegado para a prisão foi receber das mãos do também operário Sebastião de Almeida o jornal “Voz Operária”...

No dia seguinte os órgãos de segurança informaram que Fiel Filho se enforcara, usando as próprias meias, nas dependências do II Exército...

Seus colegas de trabalho, em depoimento, testemunharam que ele fora preso de chinelos de dedos; portanto sem meias...

Seu corpo apresentava sinais claros de tortura...

Meses anteriores foram mortos, de forma idêntica, o jornalista Vladimir Herzog e o líder estudantil Alexandre Vannucchi...

Em 1997 a viúva, Dona Thereza de Lourdes Martins Fiel, recebeu indenização de 100 mil pagos em única parcela da Comissão de Mortos e Desaparecidos, vinculada a Secretaria Especial de Direitos Humanos...

Somente 21 anos após a morte do metalúrgico Fiel Filho a viúva recebeu a diferença de salário para cálculo de pensão de R$ 300 mil com os quais comprou duas casas em Bragança Paulista, uma para sua filha...

Atualmente Dona Thereza recebe pensão de R$ 500 do INSS, por ser viúva de um trabalhador...

Pois é, a morte de Fiel Filho valeu 100 mil e nenhuma pensão vitalícia para viúva...

As piadas do Ziraldo e do Jaguar: 1 milhão e pau e mais pensão mensal de 4 mil e créu...

Os textos do Cony para a Revista Desfile mais de 4 milhões e bláu...

Nesta semana Dona Thereza de Lourdes Martins Fiel, viúva de Manuel Fiel Filho, desabafou para o repórter Adauri Antunes Barbosa:

- É muito dinheiro! Milhões! Só se fala em milhões. Além do roubo que se tem de milhões (corrupção no país), ainda tem esses caras que recebem milhões sem fazer nada na vida. Acho um absurdo! Matam um operário e recebo mixaria!

O Brasil inteiro concorda com Dona Thereza...
Exceto meia dúzia de pessoas...
Ou melhor, com certeza metade, exceto três brasileiros...

Sabe o que o Ziraldo, que parece ser o mais lúcido dos três, deveria fazer surpreendendo todos os críticos?

Doar a grana e a pensão para Dona Thereza...

Limparia sua barra com a opinião pública e reescreveria esta página horrorosa da sua biografia de forma magnífica...

Duvido, mas é uma idéia...
Quem sabe?!

Jorge Schweitzer

MPF responsabiliza ex-chefes do Doi-Codi por torturas, mortes e desaparecimentos


O Ministério Público Federal em São Paulo entrou com uma ação pública contra a União e os dois ex-comandantes ainda vivos do Destacamento de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (Doi-Codi), do 2º Exército, em São Paulo, no período de 1970 a 1976: Carlos Alberto Brilhante Ustra e Audir Santos Maciel. As informações são do MPF e foram divulgadas pela Agência Brasil.Na ação, o MPF acusa o Exército de ser o responsável pelo sigilo ilegal de documentos do Doi-Codi de São Paulo e pede que os ex-comandantes do órgão sejam pessoalmente responsabilizados por torturas, mortes e desaparecimentos.
Os procuradores da República Eugênia Augusta Gonzaga Fávero, Marlon Alberto Weichert, Adriana da Silva Fernandes, Luciana da Costa Pinto, Sergio Gardenghi Suiama e Luiz Fernando Gaspar Costa, que assinam a ação, requerem à Justiça o reconhecimento do dever das Forças Armadas de revelar o nome de todas as vítimas do Doi-Codi de São Paulo, as circunstâncias de suas prisões e os atos de violência que sofreram, bem como tornar públicos todos os documentos relacionados ao funcionamento do órgão; e a declaração de que Ustra e Maciel comandaram um centro de prisões ilegais, torturas, homicídios e desaparecimentos forçados no Doi-Codi de São Paulo.

Os procuradores ainda pedem que Ustra e Maciel sejam obrigados a reembolsar à União os custos das indenizações pagas, na forma da lei, às famílias das 64 vítimas do destacamento durante a gestão dos demandados, e que ambos sejam condenados a não mais exercerem qualquer função pública.
Cf.: Diário Gauche
Postado por gilberto tedeia às 5/16/2008 08:32:00 AM

Quinta, 22/05 - Ato contra nomeação do extorturador em SPPor Sociedade organizada 22/05/2003 às 00:32

Entidades de Direitos Humanos convidam V. Exa. para o Ato de repúdio à nomeação do Delegado Aparecido Laertes Calandra para o comando do Departamento de Inteligência da Polícia Civil de São Paulo, que será realizado no dia 22 de maio de 2003, quinta-feira, às 17h, no antigo Doi Codi, Rua Tutóia - Vila Mariana.
Doi-Codi

CAMPANHA FORA CALANDRA ?Capitão Ubirajara? ATO CONTRA A NOMEAÇÃO DO TORTURADOR PARA O CARGO DE CHEFIA DO DIPOL (DEPARTAMENTO DE INTELIGÊNCIA DA POLÍCIA CIVIL) DIA: 22/05/2003 HORA: 17:00 LOCAL: ANTIGO DOI/CODI/26ª DELEGACIA Rua Tutóia. V.Mariana O delegado Aparecido Calandra, acusado de comandar os interrogatórios e as sessões de tortura durante a ditadura militar, foi promovido a um cargo no Departamento de Inteligência da polícia de São Paulo.


O terrível capitão Ubirajara, como era conhecido nos anos 70, está na lista de torturadores do Tortura Nunca Mais. Entre as vítimas do Capitão Ubirajara estão Hiroaki Torigoi, dirigente do Movimento de Libertação Popular e Carlos Nicolau Danielli, do PCdoB. Embora com um vasto currículo de tortura, Calandra tem o apoio do delegado-geral de São Paulo e até mesmo do governador do estado, Geraldo Alckmin.

golpe de 64 e o período de trevas da história do Brasil.


No próximo dia 1º (abril), o Brasil lembrará os 44 anos do golpe militar que submeteu o país a um dos períodos mais sombrios de sua história.
Nunca, talvez, o país tenha sofrido um atentado tão grande, violento e contundente às liberdades civis quanto nos vinte anos que revesaram-se no poder a pior estirpe de ditadores - aqueles sem ideais e mariontes de forças externas - que domiram o país de 64 a 1985.

A ditadura militar no Brasil deixou um saldo de mais de três mil pessoas desaparecidas e milhares de sequelados pelas torturas operadas nos subterrâneos do DOI-CODE. O golpe durou duas longas décadas, com direito a mais cinco anos de extensão sob o comando civil de José Sarney, que teve a vida política durante o regime ditatorial pautada pela simpatia aos militares.
Os generais que chegaram ao poder na calada da noite do dia 31 de março para 1º de abril de 1964, interromperam um projeto de governo comandado por João Goulart que prometia mudanças mais que almejadas pela sociedade brasileira de então.
O basta ao entreguismo estava decretado e a tão esperada (até os dias de hoje) reforma agrária caminhava em rumos e direções bem definidos. A despeito do populismo, Jango fazia de fato um governo pró-povo, o que metia medo e ameaçava a elite ultra-convervadora da época. Apoiados pelo contarolar das carolas, incentivadas pela ala podre da Igreja, financiados e organizados pela CIA, os carrascos da história triste do Brasil chegaram ao poder armados até os dentes, mas sem necessidade de muitos disparos. Os chumbos foram economizados para os anos seguintes. E haja chumbo...

O pretexto foi o mesmo que ajudou os EUA a implantar governos a seu serviço em quase todos os paises da América Latina: o comunismo que avançava da ásia em direção à terras que só eles queriam dominar. E onde quer que pretenderam meter o dedo, encontraram vassalhos dispostos a colaborar.

Os vinte anos de ditadura no Brasil caracterizaram-se por total supressão de liberdade da populção, perseguições políticas e censura aos meios de comunicação. O país foi governado por decretos e o congresso servia apenas de detalhe decorativo. Com Costa e Silva, a partir de 1967, configurou-se o "golpe dentro do golpe", sobretudo com a promulgação do AI 5 em 13 de dezembro de 1968, medida mais dura do regime que visava silenciar de todo as vozes que denunciavam as arbitrariedades dos bandoleiros fardados, então comandantes supremos da nação.

A virulência do AI-5 determinava entre outras infâmias, que:
¬ O Congresso seria fechado por tempo indeterminado;¬ O governo poderia legislar por decretos;¬ Ficaria proibido qualquer reunião pública;¬ Seriam suspensos habeas corpus para "crimes políticos".
Além de que, trazia em seu bojo também a cassação dos direitos políticos de centenas de pessoas.
A ditadura no Brasil teve vida longa, perdurou por tanto tempo quanto necessário para deixar a nação debilitada e impotente para transformações. As sequelas estão vivas, ainda que em menor intensidade, mas vivas, até os dias de hoje. E não poderão jamais serem esquecidas.
Relembrar o passado e conhecer a história, é o motor de combustão para mudanças!
Ditadura nunca mais! Tortura nunca mais! Saúde e anarquia para todos!
Apresentação
No dia 25 de outubro de 1975, morreu o jornalista Vladimir Herzog, assassinado, sob tortura, nas dependências do DOI-CODI em São Paulo. Nesta página, a Fundação Perseu Abramo quer prestar sua homenagem a Vlado, evocando as várias facetas desse homem íntegro, fiel às suas convicções, do jornalista competente e responsável, do homem apaixonado por todas as manifestações culturais, do amigo leal, cuja falta todos nós, que com ele convivemos, continuamos a deplorar.

A par disso, nossa intenção é também rememorar a reação que se sucedeu: a indignação que uniu, primeiro a categoria dos jornalistas, e, logo a seguir, os vários segmentos da população numa onda crescente de revolta que teve como conseqüência a denúncia pública, no Brasil e no Exterior, da arbitrariedade do regime militar, abalando de forma decisiva a estabilidade do governo ditatorial.Para contar essa história foram utilizados:


1. Depoimentos de pessoas que tiveram participação nos acontecimentos;2. Registros jornalísticos da época.


A maioria dos depoimentos foi feita especialmente para esta página, outros foram extraídos de relatos já publicados em jornais, revistas ou livros.


Quanto ao material jornalístico, optamos por oferecer a edição completa do número especial do jornal Unidade (nov/75), dedicado inteiramente ao “caso Herzog” e que nos foi cedido gentilmente pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais de São Paulo.
Queremos acentuar a importância, entre outros, do manifesto “Em nome da verdade" (Unidade nº6), assinado por 1004 jornalistas de todo o país, em que pela primeira vez naquele período de repressão, uma categoria profissional ousou contestar publicamente a versão oficial de suicídio que as autoridades queriam impor para explicar a morte de Vlado.
A repercussão nacional e internacional do manifesto foi imensa, intensificando significativamente o processo de resistência ao governo ditatorial brasileiro.

Zilah Abramo25/10/2000